domingo, 21 de janeiro de 2024
As diversas faces de um escritor
sábado, 13 de janeiro de 2024
A cerveja gelada reuniu a turma de sonhadores
Praia, sombra e água fresca: a fórmula do conforto no verão. Quem tem dinheiro se retira para relaxar na lagoa ou se embalar nas ondas do mar. Mesmo aqui pertinho, no Laranjal, ou na maior praia do mundo, são refúgios mais interessantes do que apreciar o sol escaldante sobre o asfalto. Na cidade, só ficam os proletários, os desocupados e jornalistas como eu, que têm de ganhar a vida.
Mas entre um dia e outro, tive um período de recesso e pude colocar o celular no silencioso. Assim, vagabundeei tranquilo pelas livrarias em busca de maravilhas intelectuais feitas por esses tais seres humanos. Num desses dias, voltando para casa, encontrei uns amigos bebendo cerveja. O sol já havia caído e um vermelho-púrpura tingia o crepúsculo.
E de um punhado de amigos foram se juntando outros, e mais alguns, até formarmos um grupo de vagabundos iluminados. Sonhadores que narravam os prazeres da criação, o nascimento de ideias e sua elaboração através da pintura, música, fotografia, desenho, escrita... Foi a noite quente do janeiro pelotense, e a cerveja gelada que instigou a confraternização daqueles que acreditaram na arte com todo furor de sua juventude.
E no meio da madrugada, na boa e velha esquina do Papuera, ríamos cambaleantes e lembrávamos de planos feitos para vida, em alguma noite de tempos passados nessa mesma esquina do Porto. Assim como eu sonhava em escrever algo como Sal Paradise: naquela época eles dançavam pelas ruas como piões frenéticos e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante - pop! – pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos “aaaaaaah”.
domingo, 7 de janeiro de 2024
Ideias para uma leitura experimental
Para avançar na leitura é preciso bunda na cadeira. Ou mesmo, estar atirado num sofá confortável. Mas, nem sempre se consegue um ambiente adequado. No verão, o ato da leitura é mais aventureiro. Digo isso, pois, no verão aqui em casa é possível ler em todos os cômodos, o que no inverno não é bem assim. No inverno é frio como na São Petersburgo do Raskólnikov, e úmido como gabardine londrino. Voltamos então ao verão...
Sinta essa brisa soprando do janelão da sala, tão refrescante, tão compatível que ajuda inclusive no passar de páginas. Até no quartinho do fundo, no cantinho das roupas sujas, onde dorme a quinquilharia, ao lado do caixote de livros que serão doados à igreja, se transforma num local propício para praticar a imaginação. É como se a leitura no verão déssemos para procurar locais de poder, como o brujo Don Juan ensinava ao Carlos Castañeda.
Isso me deu uma ideia, iniciar uma prática de leitura experimental. Vocês já imaginaram ler de cabeça para baixo? Ler em um pé só? Ou mesmo equilibrar o livro sobre os joelhos? Poderíamos qualificar essas técnicas a uma espécie de Yoga: o Yoga Literária, ia ser experiência de transcendência com letras. Humm... senti a lâmpada acendendo.
Com isso, lembrei do Paramahansa Yogananda, o cara que disseminou a Yoga no ocidente. Como de hábito, sua data de nascimento é 5 de janeiro, e todos sabemos: o hábito faz sim o monge. Então, nesse verão, para entender um pouco mais dos princípios básicos da espiritualidade e da meditação, procure o livro “Autobiografia de um Iogue”. Quem sabe leia fazendo o Trikonasana.
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