Fui à prateleira de autores pelotenses com a ideia de fazer uma lista com onze romances. Poderia começar com “A Revolta dos Agachados” de Luiz Carlos Freitas, juntar com “Senhora do Amor” de Manoel Soares Magalhães, “Os Fios Telefónicos” de Fernando Melo e fechar um quarteto com “Satolep” de Vitor Ramil. Este último é marcante para a alfabetização artística e histórica da cidade. Conheço pessoas que, depois de lerem "Satolep", começaram a se dedicar à fotografia, outros a escrever poemas e alguns a beber absinto e correr dentro do canalete.
Ainda roçando as lombadas, percebi que havia outros gêneros
indispensáveis. Folheei “História aos Domingos”, com artigos publicados no
Diário Popular por Mário Osório Magalhães. Ao lado estavam “Pelotas dos Excluídos” e “No
Tempo dos Chafarizes” de A.F. Monquelat. Tirei da prateleira e coloquei na mesa
“Retratos de Uma Cidade”, um catálogo com fotografias de 1913 a 1930, de Raquel
Schwonke e Francisca Michelon. Um livro fantástico para enxergar o quando a
cidade se modificou pouco em cem anos.
Imerso nesse esquema, reli os versos: Cismas... os campos
reverdecem úmidos, / E o vento arrulha no cipreste esguio; / Passa cantando a
sertaneja pálida, / Dorme chorando o laranjal sombrio, do poema “Auras da
Tarde” de Lobo da costa. Em seguida, ergui o clássico dos clássicos da
linguagem e do humor, “Casos de Romualdo”, escrito pelo primeiro regionalista
brasileiro, o homem que virou estátua, João Simões Lopes Neto.
Num tapa, já estava com dez livros, e havia outros tantos autores:
Moizés Vasconcellos, Nauro Júnior, Klécio Santos, Wolney Castro, Jarbas
Tomaschewski, Sergio Cabral, Duda Keiber, Deco Rodrigues, Rafael Sica, Lenir de
Miranda, Felipe Povo... e vamos parar por aqui com essa lista. No aniversário
do ano que vem, podemos fechar com um livro ou dois mais recentes, quem sabe
até de minha autoria.